Começo hoje o relato que me propus a fazer sobre o Congresso Extraordinário da CUT. Optei por fazer um relato a partir das mesas de debates, uma de cada vez. Ao final farei uma breve avaliação tanto do Congresso em si como da experiência de uma cobertura por um não-jornalista.
Agradeço imensamente a todos aqueles que ajudaram nesta empreitada. Ao trabalho então.
Mesa : A captura da democracia pelo capital
João Felício – presidente da CSI Confederação Sindical Internacional
Luis Nassif – jornalista
Samuel Pinheiro Guimarães – diplomata
Cheguei com o debate já iniciado; não acompanhei a intervenção do João Felício mas por referências outras soube que ele organizou sua fala em torno dos impactos da chamada “quarta revolução industrial” na força de trabalho mundial e o crescente desprezo que os governos nutrem pelas organizações sindicais.
A intervenção do Embaixador Samuel Pinheiro teve como eixo o papel dos governos do PT na interrupção da escalada neoliberal no Brasil e a sua influencia nos países da América Latina. Por consequência este governo era o alvo de ataques pelos detentores do capital financeiro que hegemonizam a política no mundo.
Questionado sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte revelou-se cético: para uma Constituinte legítima teria que haver a uma nova legislação eleitoral para corrigir os desvios da atual e não vê correlação de forças para tal. E teme que uma Constituinte com as atuais regras acabe por reformar a Constituição para pior.
Defende uma candidatura Lula como possibilidade de retomada do ciclo de distribuição de renda e que a correlação de forças na sociedade vai influenciar as próximas ações de tentativa de inviabilizar a candidatura. E que a conjectura de que não haverá eleição em 2018 é alimentada pelos setores dominantes para semear o desânimo nas oposições, principalmente na opinião pública.
Já o Luis Nassif fez uma intervenção mais alinhada com o tema destacando o papel dos Estados Unidos como o articulador do golpe e na desestabilização de governos, partidos ou personalidades que contestem a ordem capitalista em todo o mundo.
Baseia sua afirmação em dois pilares: a hegemonia tecnológica norte americana que possibilita a espionagem e o monitoramento de empresas, cidadãos e governos através das redes de dados, conectadas mundialmente. E na mudança da legislação que leva para a jurisdição da Justiça norte americana toda investigação que trate de transações em dólar.
Acusa o Judiciário brasileiro de capitular perante o novo marco legal norte americano e ao invés de defender a soberania nacional passa a atuar em regime de cooperação com o judiciário norte americano. Baseia a sua afirmação nas várias idas do Procurador Geral da República Rodrigo Janot e do Juiz Sérgio Mouro aos Estados Unidos debaterem os rumos da Operação Lava Jato com membros do Departamento de Justiça norte americano.
Por fim teceu severas críticas à direção do Partido dos Trabalhadores e aos seus membros presentes no “núcleo duro” do governo por agirem com ingenuidade desde os primeiros momentos em que foram alertados sobre o golpe em curso e sobre a submissão do Poder Judiciário brasileiro.
Para entender um pouco as afirmações de Luis Nassif sugiro a leitura do artigo “Xadrez do esperto e do sabido na cooperação internacional” . É só clicar e torcer para que o site não esteja sofrendo mais um dos tantos ataques para tirá-lo do ar. O artigo é de julho de 2016 mas desde 2015 que são publicados textos com a mesma temática