Todas as centrais sindicais convocam uma greve geral para o dia 14 de junho. No momento da sua convocação a sua motivação era a necessidade de combate mais vigoroso ao projeto de reforma da previdência. Me parece que pelo, desenrolar da conjuntura, a reforma da previdência mais um dos motivos para uma paralisação. Por razões práticas e políticas. Vejamos:

  • na média, principalmente nos grandes centros, uns 25 % da população sobrevive graças à economia informal. Os mais jovens entraram e permanecem no mercado de trabalho por esta via. Não tem muita expectativa de se aposentarem pela previdência oficial e talvez não se interessem pelo tema “reforma da previdência”. Mas sabem que são afetados pela recessão e que a permanência desta afeta os seus rendimentos já que a demanda, principalmente por serviços diminui. Para este público a retomada do crescimento econômico é fundamental;
  • o desemprego além de crescer também se consolida. Cresce o desemprego de longa duração que empurra quem está há mais de ano e meio fora do mercado formal para a condição de inimpregável. Premido pelo desespero este público não pensa tanto na aposentadoria e sim em como sobreviver no curto prazo;
  • a falta de iniciativa e propostas para retomar a atividade econômica expõe a fragilidade do Ministro da Economia e deixa boa parte do empresariado reticente em seguir apoiando o governo Bolsonaro. Este segmento, com capacidade de influenciar a opinião pública, apoia uma reforma na previdência pública, mas percebe que só esta não é suficiente para reanimar a economia;
  • os recentes cortes de verbas para a educação pública trouxe este tema para o centro da conjuntura e o movimento estudantil para as ruas. As lideranças deste segmento se sensibilizam com a luta por uma previdência inclusiva. Não tenho elementos para acreditar que apenas este tema os levem a uma mobilização ampla.

Por todas estas razões é que acredito que a convocação de uma greve geral deve abordar questões para além da reforma da previdência e incorporar bandeiras que unifiquem os trabalhadores enquanto classe:

  • por uma educação pública, de qualidade e inclusive;
  • pela retomada do crescimento econômico com inclusão social
  • basta de desemprego