No sábado passado, 11 de setembro, os entregadores de aplicativo realizaram mais uma paralização nacional ( veja aqui). Acompanhei precariamente pelas redes sociais, mais precisamente pelas postagens do perfil @tretanotrampo no Instagram. A imprensa, mesmo a mídia progressista, não deu a devida atenção. Mas a questão da imprensa é assunto do próximo post.
Duas questões me chamaram a atenção :
- a ausência do Paulo Galo, lider das primeiras paralizações e sempre entrevistado pela comunidade acadêmica, e dos coletivos Revolução Periférica e Entregadores Antifascistas
- a presença, em várias cidades, de faixas com as mensagens “entregadores unidos sem sindicato e sem politicagem”. Percebi em alguns comentários que os sindicatos tem uma imagem de conciliadores e que privilegiam a negociação pura e simples em detrimento da ação direta.
Numa destas postagens provoquei a discussão, através de comentários, sobre a questão do sindicato argumentando que a organização da paralização e seus eventuais desdobramentos significavam “ação sindical”. Obtive, grosso modo, dois tipos de reação :
- uma concordando com a necessidade de alguma forma de organização que em algum momento negocie. Pode ser através de uma nova entidade ou através da conquista da direção de entidades existentes;
- outra que entende que os sindicatos amortecem o enfrentamento ao organizarem “campanhas” (termo usado com caráter depreciativo). Acreditam que a ação direta e contínua vai levar a uma mudança de postura das empresas. E quase sempre associam os sindicatos à “politicagem” que imagino que represente a descrença nos partidos políticos.
Claro que o acompanhamento de postagens no calor do momento ou o debate através de comentários em redes sociais não tem rigor científico. Mas acredito que fornecem pistas interessantes para balizar a ação sindical por parte das principais centrais.
Arrisco dizer que as novas gerações desconhecem a história recente do movimento sindical brasileiro e sua importância para a construção da nossa frágil democracia e constroem suas opiniões a partir da percepção do momento. Por outro lado a geração que construiu o movimento sindical combativo ou autêntico (termos da época) foi a campo por entender que os sindicatos da época recusavam o enfrentamento. O mesmo que acham boa parte dos atuais entregadores por aplicativos