Ze sergio cutNeste 24 de janeiro a CUT Ba promoveu um debate com o economista Zé Sérgio Gabrielli tendo como pauta, óbvia, os primeiros dias da gestão de Jair Bolsonaro. Dentre outras questões abordadas Gabrielli nos trouxe uma caracterização do governo federal a partir de quatro grupos que tem motivações e pautas distintas mas que se articulam. Mas também podem se transformar em foco de tensão no seio do governo. Demorei de escrever este post e o anúncio do “pacote anti crime” (não sei bem se este é o termo usado pela imprensa) me remeteu ao debate e à necessidade de trazer estas questões para o debate. Vamos lá então à caracterização :

  • Zé Sérgio inicia a sua caracterização com o grupo dos “desmontadores”; comandado por Paulo Guedes tem como objetivo e compromisso com os seus patronos desmontar toda a máquina pública notadamente os setores que podem representar possibilidade de lucro para a iniciativa privada, instituições financeiras à frente. A reforma de Previdência é emblemática : o modelo anunciado remete a um sistema de capitalização que beneficia o sistema financeiro que já tem vários produtos disponíveis na prateleira para ser ofertado ao distinto público;
  • o segundo bloco é o dos “ideológicos”. Capitaneados pelo Ministro da Educação Ricardo Velez Rodrigues e pela Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves. Tratam das questões pautadas durante a campanha pelo auto proclamado filósofo Olavo de Carvalho epelos representantes das igrejas neo-pentecostais. Vão cuidar de valores conservadores e tentar levar estes valores para o currículo escolar;
  • o terceiro bloco, na caracterização do professor, é o bloco “repressor” comandado pelo Ministro da Justiça Sérgio Moro. Pela primeira vez na história do país o Ministério da Justiça dispõe de um desproporcional aparato repressivo a pretexto de combater o crime organizado e a corrupção. Mas que, a qualquer momento, este aparato pode se voltar para os movimentos sociais caracterizando as entidades de representação como organizações criminosas e usando o braço armado do Ministério, Polícia Federal por exemplo, para encarcerar os seus dirigentes;
  • o quarto e último bloco é o bloco da “porrada” : o aparato militar que tem uma presença no poder executivo bem maior que durante o regime militar. Caso a ação dos blocos anteriores dê errado o bloco militar entra em cena. E a lógica militar, diferente da lógica da política, não privilegia a categoria “adversário”. Trata-os como inimigo e a consequência prática é que, ainda pela lógica militar, adversário se derrota e inimigo se aniquila.

No momento em que o Ministro Sérgio Moro apresenta seu pacote anti-crime precisamos ficar atentos a aspectos do decretos que possam vir a ser utilizado contra os movimentos sociais e seus ativistas. E lembrar que já temos marco legal que cumpre este papel, a Lei Anti Terror promulgada por Dilma Roussef exigida pela FIFA para a realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil