Estive hoje (04.12) à noite no lançamento da plataforma “Brasil que o Povo Quer”, iniciativa do Partido dos Trabalhadores para oxigenar o diálogo com a sua militância e base social visando construir um novo programa de intervenção na sociedade brasileira.
A atividade iniciou-se com a apresentação da plataforma propriamente dita e com a apresentação de uma diagnóstico preliminar sobre a situação sócio econômica do estado da Bahia. Esta segunda etapa foi coordenada pelo economista Ranieri Murici. Assim que este material esteja disponível vamos disponibilizar e comentar neste blog.
Mas hoje vou comentar o que me chamou a atenção na apresentação de Márcio Pochmann principalmente no que se refere à mudança no perfil da classe trabalhadora brasileira e as consequentes adequações exigidas no discurso e na ação partidária e sindical.
Inicialmente os números sobre a terceirização. Durante muito tempo o trabalhador terceirizado era alguém oriundo de um posto de trabalho em alguma grande empresa e ao ser demitido e contratado nesta condição perdia remuneração e benefícios. Para este trabalhador a terceirização significou um efetivo retrocesso na sua condição de vida e trabalho. Na medida que o tempo passa cresce o contingente de trabalhadores que já se inserem no mercado de trabalho na condição de terceirizado. Para estes o trabalho na condição de terceirizado foi a possibilidade de saída da situação de desemprego. E o discurso contra a terceirização perde significado ou apelo.
Outra questão evidenciada é a crescente transformação dos assalariados médios em prestadores de serviços através das consultorias e mais recentemente pela contratação destes enquanto MEI – Micro Empreendedor Individual. Segundo Pochmann esta mudança da condição de assalariado para proprietário altera também a forma deste trabalhador se portar frente ao mundo e às novas demandas surgidas: ser o responsável pela sua mobilidade, espaço de trabalho, alimentação, saúde, … . Enfim, aumenta a pressão por políticas públicas de qualidade.
Estas transformações se concentraram, até o momento, na iniciativa privada. Com a reforma trabalhista exste uma grande possibilidade da “pejotização” do trabalho invadir também o setor público. Já se observa em algumas prefeituras a substituição de concursos públicos para preenchimento da vagas por licitações ou pregão tendo como critério decisório o menor preço apresentado.
Encarar estas transformações e as demandas políticas e laborais delas advindas é o desafio que está colocado para os sindicatos e partidos que tem na classe trabalhadora a sua base social.