Dirigente sindical petroquímico, presidente da CUT Ba (1994-1997), pedagogo, professor licenciado da UFRB, atualmente assessor da SPM (Secretaria de Política para Mulheres do Governo da Bahia) o companheiro Almerico Lima inicia jornada de contribuição com este blog.

Mensalmente Almerico nos brindará com textos sobre educação e trabalho, objeto de atuação no movimento sindical bem como na sua passagem pelo Ministèrio do Trabalho no primeiro governo Lula e na Secretaria de Educação da Bahia onde implantou a Rede de Educação Profissional .

Meus agradecimentos a Almerico pela colaboração. Teremos todos uma boa leitura.

Educação e trabalho #001

Pensei muito como estrear Coluna Trabalho & Educação no TRAMPO, importante espaço de comunicação popular, a pedido só amigo e companheiro de lutas Denis Soares. Para quem não sabe, Denis me sucedeu na presidência da CUTBA, que exerci de 1994 a 1997, e continuou um período de “pacificação “, de elaboração de propostas de políticas públicas e de intervenção nas ações governamentais na Bahia. Porém esta memória é para outra edição. Por enquanto, basta saber que compartilhamos histórias de luta e preocupação comum com a justiça social e com a formação de uma verdadeira consciência de classe, que o deve ter motivado a fazer o convite, pelo qual me sinto honrado.

Exatamente por estarmos em tempos de transição de governos, escolhi para esta edição (quase um roteiro para as próximas) um tema por muitas vezes secundarizado, tanto pelo movimento sindical em geral, quanto pelo próprio setor da educação: a Educação de Trabalhadores e Trabalhadoras. Em termos de políticas públicas podemos, de forma restrita, traduzir como Educação Profissional, da Educação de Jovens e Adultos e da Educação do Campo, embora os princípios destas modalidades possam (e devam) ser aplicados a toda a educação.

Este campo de forças e de lutas, sempre em disputa, é hegemonizado pelo pensamento empresarial, que determina princípios, conteúdos e metodologias, quase sempre desprezando os conhecimentos prévios construídos na vida e no trabalho. Os objetivos principais da classe dominante, de maximizar a eficiência na produção de bens e serviços e de incutir valores e ideologias que reproduzam a dominação, são ocultos por um discurso de “mérito “, “competitividade “,”empregabilidade “, “empreendedorismo”, etc., peças chaves da ideologização da formação profissional.

Mas afinal, qual formação interessa a classe trabalhadora? Defendo que é a Educação Emancipatória, e para que seja assim, deve ser uma Educação Integral.
Como nos ensina o mestre Moacir Gadotti, “emancipar ” significa “tirar a mão de si” ou seja , tornar-se livre . A educação emancipatória é aquela que ajuda a construir uma consciência de classe e a capacidade de lutar pela sua própria liberdade no plano individual e coletivo.

A Educação Integral, por sua vez, provê as vivências, conteúdos (integrando o que o/a educando/a já sabe, como indica Paulo Freire), e processos que contribuem para formar a pessoa humana, o/a trabalhador/a e o cidadão /ã, não subtraindo nenhuma dimensão da vida humana, entre os quais se destacam o trabalho, a cultura, a ciência e a arte.

Como garantir que as políticas públicas educacionais sejam emancipatórias e integrais? É um debate teórico- pratico sobre o qual discorreremos nas próximas colunas.