E neste 18 de janeiro as centrais sindicais reuniram-se com o Presidente Lula para dar início ao processo de negociação para a retomada de políticas de valorização do salário mínimo e de regulação das relações de trabalho. Nada de muito novo nestas duas questões : basicamente retornaremos aos patamares que antecederam o golpe que derrubou a Presidenta Dilma Roussef. Algumas diferenças, óbvio, na regulação das relações de trabalho por conta das recentes e rápidas alterações no mercado de trabalho no mundo.

Mas o que me chamou a atenção foi a fala do Presidente Lula quando abordou a questão do reajuste das alíquotas do imposto de renda. Ressaltou, diria até exortou, a necessidade de mobilização da sociedade para a “inclusão do pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”.

Esta mobilização se faz necessária por algumas razões:

  • anos de hegemonia neo liberal cravou na sociedade o juízo de que toda a tributação é nociva e só serve para levar recursos para políticos corruptos;
  • parte da classe média assalariada, base expressiva do movimento sindical, se acredita “rica” e acha que a taxação dos mais ricos vai afetá-la;
  • a maioria da população está, neste momento pelo menos, fora do universo dos tributáveis e pouco se interessa por este tema
  • as elites brasileiras rejeitam qualquer iniciativa de justiça fiscal e reagirão com vigor a uma reforma tributária com este viés.

Se este momento merece comemoração merece mais ainda a ação coordenada das centrais sindicais e os seus sindicatos de base, que efetivamente tem capacidade de mobilização e convencimento para presssionar o novo congressso que assume em fevereiro de 2023 para que esta agenda avance.

Creio que este apelo de Lula se baseia nas dificuldades encontradas nos seus dois primeiros governos quando as reformas tributária e política não prosperaram por conta do conservadorismo do Congresso Nacional. E olha que neste aspecto os tempos eram mais favoráveis.