O Governo da Bahia através da SDR/CAR realiza até o dia 13 de dezembro a 11 Feira Baiana de Agricultura Familiar e Economia Solidária. Por óbvio a Feira é realizada de forma on line mantendo o mesmo volume de atividades dos anos anteriores e possibilitando a participação de pessoas que normalmente não se deslocariam até Salvador.
E onde está a oportunidade ?
A parte da comercialização também se dá através de uma plataforma administrada por uma empresa, ESCOAF, e a logística de distribuição fica por conta do Governo do Estado. Ressalte-se que as vendas limitam-se à cidade de Salvador por conta da estrutura de logística demandada.
A empresa que cuida da comercialização tem o mesmo “modus operandis” das empresas de plataforma tipo UBER, IFOOD ou AIRBNB : usam de uma estrutura tecnológica que aproxima produtores, consumidores, meios de pagamento e logística de distribuição. Como é uma empresa nova e tocada por jovens ela angaria simpatia e o apelido “startup” coloca uma aura de modernidade numa atividade econômica secular : as feiras livres.
Bem….não esqueçamos que UBER, IFOOD e AIRBNB começaram com as iniciativas de jovens simpáticos.
Ao encerrar esta FEBAFES a ESCOAF terá em suas mãos um patrimônio valioso para as grandes empresas do capitalismo de plataforma: os dados desta cadeia de consumo. Quem produz, onde, qual a capacidade de produção; quem consome, o que consome, com qual volume, como paga e como os produtos são entregues. Este banco de dados tende a ser alimentado após a feira (o problema é a logística) e no médio prazo despertará a cobiça das grandes empresas : IFOOD, UBEREATS, 99entregas e outras tantas. Que ofertarão aos donos da ESCOAF uma proposta de compra irrecusável.
É assim que este mercado funciona caso não haja uma intervenção dos trabalhadores organizados. Não se trata de destruir estas empresas pois nas atuais circunstâncias elas tem um papel a desempenhar. Mas apropriar-se coletivamente deste aparato organizacional através da constituição de redes de cooperativas baseadas na tecnologia: cooperativas de software livres desenvolvem plataformas para cooperativas de produtores que se associam a cooperativas de entregadores.
Claro que alguns elos desta corrente precisam sem construídos. Existe a necessidade de computadores públicos para armazenamento destes dados. Mas estes computadores existem em centros de pesquisas ou universidades públicas.
Enfim, utilizar os princípios da economia solidária para avançar na auto organização dos trabalhadores num mundo mais sofisticado e com uso intensivo de tecnologia. Alguns exemplos existem em fase experimental na Europa e no site da Fundação Friedrich-Ebert-Stiftung encontramos textos, reportagens e seminários sobre o tema. Muita informação também está disponível no site do projeto DIGILABOUR da Unisinos. Neste site voce encontra um artigo específico sobre quem pesquisa o tema “cooperativismo de plataforma”.
Por fim deixo o link para download do livro “Cooperativismo de Plataforma, editado no Brasil pela Autonomia Literária.