Logo após a greve geral do recente 14 de junho publiquei um post neste blog sobre a repercussão na imprensa brasileira. Nesta oportunidade fui indagado pelo companheiro Rosalvo Junior sobre qual a minha avaliação do trabalho da imprensa. Respondi por email mas me lembrei que não percebi avaliações realizadas pelo movimento sindical. Mais ainda : a ausência de avaliação sobre as ações sindicais vem de longa data. Desde o final dos anos 80 do século passado que não me recordo de inciativas coletivas, aqui em Salvador pelo menos, de avaliações. Vamos então tentar quebrar o jejum:
- aspectos positivos :
- a unidade das centrais sindicais : desde o governo FHC não temos uma greve convocada por todas as centrais sindicais. Fica a expectativa de que esta unidade seja duradoura;
- empenho das direções sindicais: pelo menos na Bahia, onde consigo enxergar os fatos e seus desdobramentos, pude observar o empenho das direções sindicais em mobilizar suas bases de representação. O maior ou menor sucesso deve ser objeto de avaliações por categoria; mas percebi um maior empenho em relação às recentes greves;
- interiorização das manifestações : também tomando a Bahia como local da observação, constata-se a adesão à greve (ou pelo menos de atos e manifestações de apoio) nas cidades grandes e médias do interior do estado. Parte é consequência da interiorização da atividade econômica criando uma classe média assalariada e razoavelmente representadas por sindicatos. A interiorização do ensino público de terceiro grau também ajuda já que professores e alunos destes estabelecimentos estão em processo de mobilização por conta dos cortes orçamentários e outras medidas autoritárias que interferem na autonomia nas instituições de ensino.
- aspectos negativos :
- a excessiva dependência da paralisação dos trabalhadores do transporte urbano: muito da adesão deu-se como aparente consequência da adesão macica dos trabalhadores dos transportes urbanos, notadamente dos ônibus. Como seria a adesão se o sistema de transporte funcionasse integralmente ?
- ainda não encontramos o mecanismo para diálogo e consequente forma de organização sindical dos trabalhadores informais, MEIs, enfim todos aqueles que obtém seu sustento sem vínculo formal. Não é tarefa fácil pois estes trabalhadores enxergam um dia de greve como um dia sem a possibilidade de ganhar alguma grana;
- o desemprego é um inimigo histórico de qualquer greve. Em situação de instabilidade os trabalhadores, principalmente em setores de grande rotatividade ou de relativa qualidade nos postos de trabalho hesitam em aderir a uma greve mesmo que em campanha salarial. Esta é a situação que vivenciamos no momento.
- uma dúvida :
- greve numa sexta feira é bom, ruim ou tanto faz ? vejo como negativo o fato da diluição dos efeitos devido ao final da semana. Inclusive os meios de comunicação praticamente ignoraram a greve geral se atendo aos temas tradicionais dos finais de semana.
Bem….esta é uma primeira avaliação de quem acompanha o movimento sindical pela mídia e pela convivência com alguns companheiros. Fico torcendo para despertar algum debate.