Em entrevista concedida ao Jornal da Manhã da Rede Bahia nesta terça, 29 de outubro, o prefeito eleito de Camaçari, Luis Caetano (PT), anunciou a adoção da “tarifa zero” no transporte público municipal na cidade.

Para minha surpresa a notícia não teve a merecida repercussão nos canais de comunicação do PT e outras organizações de esquerda. Por óbvio a adoção da “tarifa zero” não é algo imediato sem o suporte de estudos e pactuação com os atores envolvidos. Mas traz benefícios diretos para a população tanto no campo econômico quanto na qualidade de vida.

Do ponto de vista econômico a “tarifa zero” desonera o orçamento doméstico do trabalhador autônomo que trabalha em constante deslocamento, diminui o custo da busca de emprego (sim, uma das razões do “desemprego por desalento” é a falta de recursos para ir até as oportunidades) e dinamiza as atividades econômicas no município por conta dos potenciais novos deslocamentos.

Do ponto de vista político os impactos são vários. O principal segmento beneficiado por esta medida é exatamente aquele que se afastou dos partidos de esquerda: as pessoas empobrecidas, que trabalham por conta própria e tem no desocamento cotidiano um dos ítens prioritários na sua “planilha de custos”.

Por conta das características da cidade, a adoção da “tarifa zero” tem impacto nos municípios de Lauro de Freitas, Simões Filho e Salvador, pressionando a gestão destes municípios a debater o assunto. E quem provocará este debate ? uma prefeitura de esquerda.

Por fim : as gestões municipais do PT e demais partidos de esquerda se notabilizaram por iniciativas inovadoras . Está na hora de retomar este protagonismo resolvendo problemas que afetam diretamente as populações empobrecidas ou que não tem suas legítimas expectativas de vida supridas pelas políticas públicas dos governos federais e estaduais.

Classificá-los simplesmente de “pobre de direita” não resolve problema algum e ainda soa arrogante. Medidas como a “tarifa zero” ajuda a retomar o diálogo com este público. Vamos então tornar pública esta iniciativa de Luis Caetano e incorporá-la à agenda da esquerda.